A assembleia de sexta-feira, organizada por APEOESP, CPP, UDEMO, APASE, APAMPESP e AFUSE, decidiu pela greve de professores, diretores e surpevisores de ensino. Razões para isso não faltam.
O nosso arrocho salarial é enorme. Durante o governo Serra tivemos apenas 5% de reajuste, 5% esses conquistados na greve de 2008. Em 2010, o governo anunciou somente a incorporação do GAM, ainda assim escalonado em três anos. Ao invés de reajuste para todos, o governo impõe a política da bonificação e do aumento por meio da prova de mérito. Faz isso porque é mais barato e serve de instrumento de controle político e pedagógico sobre os educadores.
O arrocho salarial não ocorre por um problema orçamentário do estado de São Paulo. A arrecadação paulista é crescente, nunca houve tanta verba disponível para o governo. A questão é de prioridades. Os indicadores revelam que o investimento em educação em São Paulo vem diminuindo em termos relativos. Em contrapartida, os gastos com propaganda não param de crescer. Propaganda mentirosa, como sabemos. A educação que vemos nas peças publicitárias é muito diferente da realidade que vivemos nas escolas. Diante de seu fracasso em garantir uma educação de qualidade, o governo quer fazer a sociedade crer que a culpa é dos professores. Nada mais falso. Nenhum dos problemas reais da educação está sendo solucionado. Além do arrocho salarial, seguimos com uma jornada longa demais, não temos plano de carreira, faltam infra-estrutura adequada e funcionários em número suficiente, há salas superlotadas, enfim, existe uma longa lista de problemas. Situação particularmente dificil vivem os professores OFAs. A atribuição de aulas deste ano chegou ao absurdo de estudantes escolherem antes de professores com anos de profissão. Estudantes esses que não poderão dar aulas em 2011 em razão de serem categoria O. Ao invés de uma prova para OFAs, deveria haver concurso público classificatório para preenceher todas as vagas necessárias e não apenas 10 mil.
É fato que a política do educacional do governo tem se aprofundado. Todavia, se não tivéssemos lutado, a situação estaria muito pior. Em 2005, o objetivo do governo era tornar todos os OFAs em contratados de forma precária e temporária Fomos às ruas e derrubamos o projeto.
Em 2008, o governo lançou decretos que, entre outras coisas, instituia a realização de uma prova para demitir todos os não aprovados. Fizemos uma greve que não conseguiu barrar a prova, mas impediu que ela fosse eliminatória e obteve o único reajuste salarial dos últimos anos.
O governo contra-atacou em 2009 e tornou lei (1093) a realização da prova. Contudo, em virtude de anos de luta do professorado e de problemas previdenciários, o governo teve de criar o professor categoria F, que goza de estabilidade. É importante frisar que sem a nossa mobilização, os não aprovados estariam demitidos.Estamos diante de um momento decisivo. Podemos seguir individualmente reclamando da nossa situação ou podemos coletivamente enfretar o governo e exigir os nossos direitos. Os milhares de educadores reunidos na assembleia decidiram reagir e levantar os braços e a cabeça aprovando a greve. E você?
Assembleia 12 de março, no vão do MASP, às 14h
APEOESP