quinta-feira, 30 de abril de 2009

1° de Maio Dia Internacional de luta dos (as) trabalhadores (as).


Todos às ruas!
1º de Maio é dia internacional de luta dos trabalhadores


É necessário tomarmos as ruas neste 1º de Maio em todos os estados. Todos (as) devem se informar onde será a manifestação do 1º de Maio em sua cidade. Nesta data histórica da nossa classe temos fortalecer a luta internacional dos trabalhadores e denunciar o governo Lula, que governa aliado aos grandes banqueiros, empresários e ao capital internacional.

Não vamos nos render às festas patrocinadas pelos empresários, como fazem a CUT e a Força Sindical. O 1º de Maio é dia de luta!

Neste 1º de Maio vamos chamar a atenção de todos e desmascarar esse governo e seus aliados. Afinal, muitos acreditaram no governo Lula. Outros continuam ainda acreditando. Entretanto não há crença que esconda que, enquanto o governo “doa” 30 reais de bolsa escola aos mais miseráveis, os banqueiros vão lucrando fortunas a cada semestre. Se Luiz Inácio ouvisse um outro Luiz, teria vergonha: ‘Seu doutor, uma esmola a um pobre que é são, ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão”, dizia a música do velho Gonzagão. Infelizmente toda política do governo é definida pelos grandes capitalistas: muito dinheiro para eles, migalhas para a população.

É a serviço desta turma endinheirada que o governo vem tentando acabar com a aposentadoria e com os diretos trabalhistas através das suas reformas. Até agora não conseguiram, devido à resistência da classe trabalhadora. Mas estão tentando e contam muita mentira para enganar a população. Dizem que nossa aposentadoria é melhor que a da Suíça e que, se a gente aceitar reduzir nossos salários e abrir mão de nossos direitos, mais empregos serão criados. Se não fosse terrível, daria vontade de rir.

No campo, privilegia a monocultura e o agronegócio favorecendo os coronéis e grandes fazendeiros. Nas cidades, é praticamente nula a construção de moradias populares, enquanto as grandes construtoras e empreiteiras lucram imensamente com a construção de apartamentos de altíssimo luxo financiados pelo governo.

Como se já não bastasse, o governo com essa gangue de grandes empresários e banqueiros vêm tentando iludir o povo trabalhador dizendo que os serviços públicos não funcionam por culpa dos funcionários. Na verdade, eles desviam para os seus bolsos, através do pagamento da “dívida com os bancos”, os recursos da saúde, da educação e dos setores fundamentais da área de serviços públicos. O objetivo é sucateá-los, assim justificariam sua privatização. Com o Reuni não é diferente. Mentem descaradamente ao dizer que ele irá melhorar a qualidade das universidades publicas, quando, na verdade, querem degradá-las e privatizá-las.

É esta cambada de pilantras que ao lado governo estão propondo a transposição do Rio São Francisco. Para convencer a população, mais uma mentira: a obra seria para matar a sede e a fome das pessoas. Afinal, quem não é a favor de melhorar a vida de milhares de famílias nordestinas? Porém essa mentira das grandes esconde uma verdade. Tudo está sendo feito para favorecer os grandes fazendeiros e os empresários do agronegócio. De quebra as empreiteras vão faturar uma bolada imensa de dinheiro. E os que têm sede vão continuar tendo que se virar.

Temos que mobilizar nossa classe para lutar contra essa política do governo Lula que só favorece aos mais ricos. Por isso, vamos tomar as ruas nesse 1º de Maio e manter a tradição de luta dessa data.

- Em defesa dos direitos!

- Pela redução da jornada, sem redução de salários!

- Por emprego e melhores salários!

- Contra o Banco de Horas!

- Pela extinção do Fator Previdenciário!

- Contra às reformas neoliberais que atacam a aposentadoria e os direitos!

- Terra e moradia: reformas agrária e urbana já!

- Pela retirada das tropas brasileiras do Haiti!

- Solidariedade às lutas dos povos do Iraque e da Palestina!

Uma história escrita com sangue

Em 1º de Maio de 1886 aconteceu uma greve geral nos Estados Unidos pela redução da jornada de trabalho para 8h diárias. Calcula-se que cerca de 200 mil trabalhadores aderiram à paralisação. No segundo dia de greve começou uma forte repressão policial.

No terceiro dia, trabalhadores foram assassinados em frente à fábrica McCormick, em Chicago. A explosão de uma bomba no dia 4 de maio matou 80 trabalhadores (inclusive mulheres e crianças).

Em um dos conflitos entre trabalhadores e policiais deixou 38 operários mortos e outros 115 feridos. 300 líderes operários foram presos; os principais líderes da mobilização foram levados a julgamento e condenados à prisão perpétua. Eram eles: Samuel Fielden, Albert Parsons, Michel Schwab, Adolph Fisher, Hessois Spies, Oscar Neebe, George Engel e Louis Lingg. No dia 11 de novembro de 1887 Parsons, Spies, Fischer e Engel foram enforcados. Lingg morreu na prisão, e a polícia disse que foi suicídio. Esse grupo passou a ser conhecido como “Os Oito de Chicago”.

Em 1889, o Congresso Socialista Internacional, realizado em Paris, estabeleceu o 1º de Maio como Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores.

Em 1891, em Paris, trabalhadores socialistas dos países industrializados da época, reunidos no Congresso da Internacional Socialista, consagraram esta data como o dia da luta pelas 8 horas de trabalho. Naquele tempo os operários trabalhavam 12, 15 e até 18 horas por dia. Não havia descanso semanal nem férias. Para o mundo do trabalho não existiam leis.

Desde 1890, organizações operárias em vários países passaram a comemorar o 1º de maio como um dia de protesto e luta; no Brasil a primeira comemoração ocorreu em 1895, em Santos (SP) e, mesmo ocorrendo em recinto fechado, foi reprimida pela polícia. Foi em 1897, no Congresso de Bruxelas, que a II Associação Internacional dos Trabalhadores, aprovou a transformação do dia 1º de Maio no Dia Internacional dos Trabalhadores.

Fontes:
Sindicato dos Metalúrgicos de SJC e Região - www.sindmetalsjc.org.br
Núcleo Piratininga - www.piratininga.org.br

A "grande" mídia evita a discussão, a burguesia finge que não vê, os governos embolsam alguns cala-bocas. Malditos grileiros, malditos latifundiários.

Até quando esperar, a justiça tardar, no inferno no mar, nos sertões ilusões, e os grileiros canhões,
malditos culhões, latifúndios milhões...
Conselheiros resistem, no Pará e Amapá, sem deus sem alá, sem justiça à julgar, pms rondar,
matando o povo, de Carajá(s)...

Não seja hipócrita, tome uma atitude, uma posição, abrace uma causa (do(a) trabalhador(a)), não seja neutro, pois neutro, só mesmo o sabão que o seu pai usa... Encare a realidade, é esta a realidade: enquanto os latifundiários/burgueses socam o dedo no nosso nariz e enfia o lucro no bolso, tem gente que anda dizendo por aí que é neutra... Na boa: vá tomar vergonha na cara...
Assina esta publicação (Poesia e texto): Cristiano Pereira de Andrade, Trabalhador, Estudante de História, da Unicastelo, Indignado...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Pior Salário Do Brasil: O MASSACRE DO MOTOsSERRA: O ataque insano de um governador sanguinário aos serviços públicos...

Pior Salário Do Brasil...


Professor temporário é produto perverso de José Serra

Por marilene felinto


Metade dos professores da escola pública paulista não existe – são aparições temporárias, que perambulam de uma periferia a outra, lugares aos quais não pertencem e com os quais não lhes dão tempo de criar vínculo. Manter estes cem mil cidadãos na incerteza trabalhista (são contratados sem concurso público) e no modo de vida nômade que não escolheram, tratá-los como peças de um jogo sem regras, expor todos ao ridículo e desqualificá-los mediante seus colegas profissionais e mediante a sociedade foi o ato mais recente da criminosa “política educacional” do governo de José Serra em São Paulo.
Pior educação pública que a paulista não há no país – e ela é a cara do tucanato (o PSDB), é a obra máxima do descompromisso com a coisa pública quando se trata do interesse da maioria da população pobre. Estes governos afinados com a classe dominante, como os oito anos de Fernando Henrique Cardoso na presidência da República (1995-2002) ou os quase quinze anos em que o grupo de José Serra infesta o Estado de São Paulo deram golpes de morte na educação pública.
Em dezembro último, a Secretaria Estadual de Educação de SP aplicou uma prova ao professorado temporário da rede estadual para utilizar a nota como critério classificatório na atribuição de aulas deste ano letivo de 2009, uma armadilha para demitir milhares de professores que os próprios governos tucanos de Serra e sua turma contrataram em condições de absoluta precariedade e com os quais não sabem o que fazer. A prova, mal elaborada, cheia de questões visivelmente erradas, avaliaria o conhecimento dos professores sobre a proposta curricular da Secretaria. Concorreram com os quase cem mil temporários outros milhares de novos candidatos a lecionar na rede pública, professores recém-formados. Na concorrência desleal, muitos dos temporários perderiam para os novos seus empregos e um mínimo de direitos conquistados. O professorado recorreu à Justiça e ganhou a causa. A Secretaria de Educação de Serra, por seu lado, não teve dúvida: saiu divulgando na mídia serrista (em São Paulo, especialmente os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo e as redes de TV) a “nota zero” atribuída a centenas de professores na tal prova, incluindo neste número as tantas centenas de professores que entregaram a prova em branco, em ato de protesto. Uma desonestidade, uma manipulação flagrante dos resultados.
A “proposta curricular” da gestão Serra para a educação pública não passa disso: culpabilizar o professor pelo fracasso da política educacional cada vez mais perversa conduzida pelo tucanato em São Paulo. Para que gastar dinheiro com os pobres contratando professores por concurso público? Para que oferecer uma escola de qualidade aos filhos dos pobres?
Certamente não é aos elitistas do PSDB que isso interessa. E ainda que caiba ao governo paulista avaliar seu professorado, ainda que fosse numa avaliação justa, e ainda que o professor tirasse nota zero, ainda assim a culpa deveria recair sobre os governos do PSDB em São Paulo e por aí afora: os professores que zerassem seriam os mesmos formados nas faculdades particulares de quinta categoria (faculdades para pobres), abertas feito barracas de camelôs na gestão do ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique, o hoje deputado Paulo Renato Souza. Nota zero mesmo é a esta gente.
Há tempos que ser professor tornou-se profissão penosa, desonrada, sem nenhum reconhecimento social, ainda mais na escola pública – sintoma dessa grave doença da injustiça social brasileira, nos quadros da qual estudar, educar-se, formar-se virou um culto requintado, apenas para quem pode. Ora, se antes professor era uma figura eterna... Mesmo quando, antes, aprender as letras era com caco de telha riscando o chão, pedaço de tijolo, tudo vermelho-alaranjado no piso de cimento cinzento das calçadas da rua. Aprender letra cursiva era com a mão grande de dona Helena, com a voz mansa de dona Cremilda. Quem nunca teve um amor qualquer por um doce professor ou professora? Essas minhas podem ter desaparecido no tempo, dona Helena e dona Cremilda – uma do jardim de infância, outra do primeiro ano (antigo primário) –, desaparecidas como os riscos de telha lavados pela chuva na calçada. Só nunca saíram da minha cabeça, da memória da importância monstruosa que tiveram na minha vida. Paulo Freire, o educador, também contava: “Fui alfabetizado no chão do quintal de minha casa, à sombra das mangueiras, com palavras do meu mundo e não do mundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz”.(1982) Educação também é isso, lembrança para sempre. Temporários (e tomara extintos logo) devem ser os governos perversos da gente do PSDB.
Marilene Felinto é escritora e colunista da Revista Caros Amigos.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Rodada de filmes e documentários com debate 2009. E lembrem, valerá como atividade complementar.

O Centro Acadêmico de História - Gestão Paulo Freire, em parceria com o projeto de Cineclubismo do companheiro Diogo (4° Semestre/História), e colaboração dos professores (as) da Unicastelo e outros convidados independentes e também de outras instituições, apresentam:
A DIALÉTICA NO CINEMA
Apresentação de filmes e documentários com debates que rolará até novembro de 2009.
Atividade aberta para tod@s estudantes, comunidade e para o público em geral.
No próximo sábado, 25 de abril, às 14:00 hs., no 2° andar, na sala 223, teremos a participação da Profa. Rosemeire Souza.
Será apresentado o documentário MBYÁ - GUARANIS, GUERREIROS DA LIBERDADE. E logo após uma troca de idéias.
Aguardamos vocês, e até lá.

sábado, 18 de abril de 2009

Debate no CEDEM. E lembrem, vale como atividade complementar.

Debate
A Revolução Cubana – 50 anos


A Revolução Cubana e a Questão Nacional: 1868-1963 (São Paulo, Núcleo de Estudos d’O Capital) - 2007), livro de José Rodrigues Máo Júnior, será o centro do debate no próximo dia 29 de abril, quarta-feira, às 18h30, promovido pelo CEDEM – Centro de Documentação e Memória da UNESP.
Nesse livro, resultado de seu doutorado defendido na USP em 2005, o autor aborda a História recente de Cuba, dando relevo a personagens, discursos e tomadas de posição políticas e militares. Máo foca o nacionalismo cubano para compreender por que o mais formidável fenômeno revolucionário da História da América Latina tornou-se ao mesmo tempo paradigma e um evento que não pôde inspirar outras revoluções semelhantes.
É apresentado ao leitor um estudo profundo e apaixonado dos mais importantes acontecimentos históricos que marcaram a Ilha nos quase 100 anos anteriores à Revolução de 1959. São narrados fatos ignorados pelo grande público, tais como a Primeira e a Segunda Guerras de Independência, as constantes intervenções militares e políticas dos EUA; além disso, o autor relaciona os episódios mais marcantes de Cuba com a trajetória de vários de seus personagens históricos como o poeta José Marti, o militante político Antonio Guiteras e o ex-presidente Fidel Castro.

Expositor
José Rodrigues Máo Júnior
Mestre e Doutor em História Econômica - USP
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo - IFSP – Cubatão/SP

Debatedores
Marisa de Oliveira
Mestre em História Social - USP
Coordenadora da equipe de corretores de redação do Anglo Vestibulares e Tradutora de espanhol para o português da Editora Hucitec
Paulo Cunha
Mestre em Ciências Sociais – PUC/SP
Doutor em Ciências Sociais – UNICAMP e Professor da UNESP

Mediador
Lincoln Secco
Mestre e Doutor em História Econômica – USP
Professor da USP

PARTICIPE E CONVIDE OS SEUS AMIGOS!

Inscrições gratuitas c/ Sandra Santos pelo e-mail:
ssantos@cedem.unesp.br

Data e horário: 29 de abril de 2009 (quarta-feira) às 18h30
Local: CEDEM/UNESP - Centro de Documentação e Memória
Praça da Sé, 108 - 1º andar - metrô Sé - (11) 3105 - 9903 - www.cedem.unesp.br

sábado, 11 de abril de 2009

Francisco de Oliveira, Marxismo no século XXI


Carta Maior lança debate: o Marxismo e o Século XXI
A Carta Maior lança a partir de hoje um seminário virtual sobre a obra de Karl Marx e os problemas que afetam a humanidade neste início do século XXI. Diante da grave crise econômica, política e social, decorrente das políticas do modelo neoliberal implementado nas últimas décadas no mundo, o pensamento do autor alemão voltou à ordem do dia. A nova editoria terá a curadoria do professor Francisco de Oliveira, que escreverá e convidará, mensalmente, intelectuais para abordar o tema num debate que se estenderá até o final do ano e procurará ofecerer respostas à pergunta: o que Marx tem a dizer sobre os problemas do século XXI?

Francisco de Oliveira - Texto de apresentação
O marxismo seguramente foi a doutrina mais importante do século XX, no amplo sentido de um “campo” (Bourdieu) ou ainda no sentido de ideologia (Gramsci) e não no dos próprios Marx e Engels.(como doutrina dominante da classe dominante.) A tal ponto que se pode dizer que o século XX foi o século do marxismo.A partir das formulações originais da dupla Marx-Engels, o marxismo foi se constituindo numa concepção de história, numa visão de mundo, numa prática de luta, numa política, diretamente na crítica ao capitalismo, seu inimigo figadal. Desde o século XIX, formações partidárias nitidamente operárias criaram-se inspiradas nas idéias da dupla, tais como o prestigioso Partido Social-Democrata alemão, do qual o próprio Engels foi militante e dirigente, e o Partido Socialista Operário Espanhol.. Todos os demais partidos de origem operária na Europa Ocidental, e mesmo na Índia, tinham o marxismo como sua orientação teórico-prática mais consistente. Deve-se dizer, sem apologia acrítica, que esse vasto campo construiu-se cheio de contradições, que fizeram sua riqueza, até que a mão pesada do Partido Bolchevique, vitorioso na Revolução de 1917, em seguida Partido Comunista da URSS, converteu o marxismo num dogma, e matou, em grande medida, sua capacidade criadora, que requer, antes de tudo, sua própria autocrítica. O marxismo havia chegado à Rússia pelas mãos de teóricos do calibre de Plekhanov, e deu origem imediatamente a um movimento político que tomou explicitamente a forma de partido lutando pela Revolução e pelo poder, com seus dirigentes que se transformaram em condotiere mundiais, Lênin e Trotsky, para citar apenas estes.Todos os partidos de origem operária o tinham como sua referência principal, salvo, talvez, e ironicamente, o Partido Trabalhista britânico onde o fabianismo e a rejeição à revolução logo dominaram a cena trabalhista inglesa, na contramão de Marx que havia pensado que o crescimento do operariado faria aparecer um pensamento e uma prática revolucionárias. Mas nunca deixou de haver não só uma fração de trabalhistas ingleses marxistas, como uma tradição teórica sobretudo na área da História, como o prova até hoje, Hobsbawm, e ontem, Laski, na teoria política. Mas a contribuição do velho Labour para a formação das políticas do Estado do Bem-Estar talvez tenha sido a mais importante. Esse vasto movimento chegou até às ex-colônias. O Brasil conheceu a formação de seu Partido Comunista já em 1922.Mesmo refluindo das posições revolucionárias, os partidos de origem social-democrata mais que influenciar, de fato, inseriram as lutas sociais para sempre na política. Todo o vasto movimento do Estado do Bem-Estar radicou na capacidade de operação dos partidos de origem operária, a socialização da política a que aludia Gramsci, o que elevou o nível de vida nos países do Ocidente capitalista a níveis que deixaram o programa inicial de Lênin como mero exercício teórico. Aliás, o “pequeno grande sardo” é um dos marxistas mais originais e criativos, que contribuiu poderosamente para que o próprio marxismo entendesse e explicasse as democracias ocidentais. Recusando-se a fazer da política uma dedução da economia – o que, infelizmente, ocorre hoje – Gramsci, nos cárceres do fascismo mussolinista, deu as diretrizes que tornaram o então Partido Comunista Italiano o mais original e o mais capacitado a dirigir a nova Itália democrática. Aqui, mais uma vez, a história pregou uma peça: o progresso italiano, de que o partido de Gramsci foi o avalista em parceria – o “compromisso histórico” – com os cristãos do Partido da Democracia Cristã, terminou por solapar as bases sociais de ambos, e o PCI mergulhou numa longa decadência da qual há apenas vestígios em meio às ruínas das grandezas de Roma.Mas o marxismo carrega nas costas o pesado fardo do estalinismo e do terror soviético, sem que os marxistas tenham, até hoje, revelado a capacidade de explicar, marxisticamente, a tragédia em que desembocou a revolução mais radical da era moderna. Não é suficiente a explicação materialista- vulgar de que todas as grandes revoluções comeram seus próprios filhos; tampouco justificar a cruel ditadura do georgiano – que na verdade já se ensaiava sob Lenin - pelas realizações técnico-cientí ficas da ex-URSS: todos os marxistas nunca deveriam esquecer a lição do próprio Marx e dos frankfurtianos de que “progresso e barbárie” sempre formaram na história universal uma terrível unidade.. A partir de certo momento, ficou muito evidente que o “marxismo soviético” (a expressão é de Marcuse) não era outra coisa senão uma doutrina de grande potência arrogantemente usurpadora das tradições marxistas. Mesmo a crítica trotkysta, que cedo viu a “degeneração burocrática” do Partido, e a também ainda mais precoce crítica de Rosa Luxemburgo, junto com a postura de Kautsky, não foram suficientes – nem o poderiam ser, já que o terror estalinista mal havia mostrado suas garras já sob a criação da temível e terrível Cheka sob Lênin.Nos fins do século que acabou, talvez nas pegadas da explicação de Perry Anderson para o que ele chamou de “marxismo ocidental”, a combinação da desestruturação produtiva, com a revolução técnico-cientí fica e paradoxalmente o próprio progresso levado a cabo pelo Estado do Bem-Estar desbarataram a própria classe operária e seus partidos social-democratas e comunistas; o “marxismo ocidental” descolou a reflexão teórica da perspectiva revolucionária. Deixou de influenciar a política e, pois, a luta de classe organizada, e refugiou-se nos trabalhos acadêmico-cientí ficos. Mesmo assim, na universidade, que apenas durante um curto período – uns 40 anos , se tanto – abriu-se para o marxismo, o movimento também refluiu. Mas, surpreendentemente, a força criadora do marxismo abriu novas fronteiras , mesmo em terrenos que lhe eram anteriormente hostis e com os quais, ele mesmo, teve relações conflitivas e lhes dirigiu anátemas dogmáticos. É o caso das religiões- antes o “ópio do povo”, da psicanálise ,-uma ciência do inconsciente da justificação burguesa dos seus próprios crimes -, da própria literatura (nos caminhos já originalmente pensados por Lukacs), na critica da cultura e da modernidade – os frankfurtianos – da hegemonia norte-americana, Gramsci e seu “americanismo e fordismo”. Esses terrenos todos foram imensamente fecundados pelo marxismo, que lhes ampliou os horizontes.A pergunta que essa curadoria quer fazer é direta: e o século XXI e no século XXI ? O que o marxismo pode vir a ser, o que o marxismo tem a dizer? O século abriu-se com a maior crise econômica, mundial, global, desde os dias da Grande Depressão de Trinta. Mesmo sobre esta, o que o marxismo disse “no calor da hora” não honrou muito as tradições da economia política marxista, que é seu terreno e sua certidão de nascimento. Economistas como Ievguin Varga passaram a certidão de óbito do capitalismo na crise de 1929. E agora, que crise é esta? François Chesnais tem dado orientações teóricas muito férteis, sobre a transição para um regime de acumulação à dominância financeira. E que mais ? Não há marxismo sem marxistas; estes não são muitos, hoje, no Ocidente. No Brasil, às vezes tem-se a impressão de que o marxismo floresce sobretudo na universidade, na área de humanas, e ilumina muitos nichos da crítica. Mas nos partidos de esquerda, o marxismo é quase sempre um indesejado e no operariado ele é mais, é desconhecido. Operariado aliás, hoje multifacetado, reduzido nos locais produtivos, abundante nos locais de serviço, milhões nos trabalhos informais, uma grande classe não-classe. Será possível combinar reflexão criadora, novas interpretações do mundo, descoladas do trabalho?As explorações sobre essas intrigantes questões não se farão com um marxismo ensimesmado, sectário e doutrinário; mas não se trata de proclamar um ecletismo despolitizado: as interrogações partem da tomada de posição de que o marxismo pode ainda alimentar as lutas pela transformação social e política, senão com a transcendência e abrangência mostradas no século XX, pelo menos com uma postura crítica que não se deixará seduzir nem pelo apocalipse nem pelo conformismo. Em suma, um marxismo dialógico e dialético.
http://www.cartamai or.com.br/ templates/ materiaMostrar. cfm?materia_ id=15899&boletim_id=544&componente_id= 9428

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Militares dão sinais de que logo logo intervirão.

Segue link do texto do GENERAL DE DIVISÃO REFORMADO DO EXÉRCITO FRANCISCO BATISTA TORRES, sobre sua posição perante os novos ventos do comunismo com a crise.

http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=314

terça-feira, 7 de abril de 2009

Veja Isso Galera

Debate
Paulo Freire: uma leitura crítica de sua obra

Introdução crítica ao humanismo dialógico de Paulo Freire (editora Sundermann - 2008), livro de Carlos Bauer, será o centro do debate no próximo dia 16 de abril, quinta-feira às 18h30, promovido pelo CEDEM - Centro de Documentação e Memória da UNESP.
Embora não tivesse ainda escrito sobre Paulo Freire (1921-1997) e considere seu texto como uma introdução, Carlos Bauer elabora um instigante ensaio crítico, no qual expõe, com plena coerência, sua adesão à parte mais cara do pensamento freiriano, a saber, sua ontologia. Freire é o pedagogo do século XX que recebe, das mais variadas áreas do pensamento, uma dedicação especial. Bauer o denomina, seguindo muitos dos que o antecederam nessa análise, "como um dos mais inquietantes, críticos, lúcidos e polêmicos pensadores educacionais de que o mundo ocidental tem notícia na contemporaneidade".
Em reverência crítica, Bauer, filiado ao pensamento crítico e ao materialismo dialético, esboça uma leitura acurada da teoria da educação e da cultura formulada por Paulo Freire, principalmente no que se refere ao seu interesse explícito pela abolição da opressão e da injustiça social e, ademais, ao seu compromisso permanente com a utopia e a história. (José Rubens Lima Jardilino - Presidente da SHELA: Sociedad de Historia de la Educación Latinoamericana)

Expositor

Carlos Bauer
Mestre e Doutor em História Econômica - USP
Pós-Doutorado em Educação - UNICAMP

Debatedores

José Rubens Lima Jardilino
Doutor em Ciências Sociais - PUC/SP
Pós-Doutorado em Ciências da Educação - Université Laval Québec/Canadá

Humberto Pereira da Silva
Mestre em Educação - USP
Doutor em Filosofia da Educação - USP
Mediador

Leandro de Proença LopesMestre em Ciências da Religião - UMESP
Doutorando em Educação - UNINOVE e Assistente de Pesquisa - SHELA

PARTICIPE E CONVIDE OS SEUS AMIGOS!

Inscrições gratuitas c/ Sandra Santos pelo e-mail: http://email.terra.com.br/cgi-bin/vlink.exe?Id=5AQn02fqJclv7rjEiDXCgHSn%2B260vhVrEMO7orhKaTIAUZADvRPpYA%3D%3D&Link=http%3A//

Data e horário: 16 de abril de 2009 (quinta-feira) às 18h30
Local: CEDEM/UNESP - Centro de Documentação e Memória
Praça da Sé, 108 - 1º andar - metrô Sé - (11) 3105 - 9903 - www.cedem.unesp.br

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Rcepção d@s Calour@s.



A recepção tranqüila e divertida, sem preocupações...
Em agosto deste ano tem mais...

O direito à Moradia Digna.

Seminário sobre Moradia/Habitação começa hoje na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco.
Faça a sua inscrição ou apenas acesse o site para ficar por dentro da discussão.
Acesse:
http://moradia.comli.com/programacao.html

Aniversário do Felipe.


A galera dos cursos de História e Filosofia, comemorou o aniversário do Felipe do 3° semestre em História, no dia 20 de março de 2009, sexta-feira, num divertido bate papo.
FELIZ ANIVERSÁRIO FELIPE, E UM GRANDE ABRAÇO DA TURMA DO CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA.E ATÉ A PRÓXIMA EM 2010.


Aniversário do Felipe.


A galera dos cursos de História e Filosofia, comemorou o aniversário do Felipe do 3° semestre em História, no dia 20 de marcço de 2009, sexta-feira, num divertido bate papo.
FELIZ ANIVERSÁRIO FELIPE, E UM GRANDE ABRAÇO DA TURMA DO CENTRO ACADÊMICO DE HISTÓRIA.
E ATÉ A PRÓXIMA EM 2010.

Revolução Cubana.

50 ANOS DE
REVOLUÇÃO CUBANA
50 ANOS DE
REVOLUÇÃO CUBANA
50 ANOS DE
REVOLUÇÃO CUBANA

Tenha uma vida cultural ativa !!!


Acesse o site www.dicadeteatro.com.br e informe-se sobre peças teatrais, cursos, cinema, exposições, danças, shows, festivais e muito mais. Fique por dentro destas atividades e participe !!!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Cursos livres e gratuitos na Fundação Santo André.

Cursos - Escola Livre – Fundação Santo André
Inscreva-se já, é gratuito!

As geografias do CONTEMPORÂNEO
Quinta-feira - Horário: das 18h às 19h15 - Início: 02/04/2009 - Duração: 4 semanas
Ementa:
O estudo da vida cotidiana representa discutir e avaliar a conformação das geografias que arquitetam e apóiam uma específica sociedade, nesse caso sob o modo de produção capitalista, em seus ritmos e peculiaridades. Em outros temos, apanhar o "vivido" acima dos limites descritivistas convocando a reformulação constante das categorias geográficas como enunciados dessa mesma realidade vivida.
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Introdução à economia marxista
Profº Thiago Flamé
Quarta-feira - Horário: das 18h às 19h15 - Início: 15/04/2009 - Duração: 12 semanas
Ementa:
Durante os anos de ofensiva neoliberal, de ataques aos trabalhadores em todo o mundo, a burguesia tentou declarar o “fim da história” e o triunfo definitivo da democracia liberal e do livre mercado. O estudo do marxismo foi banido das faculdades e universidades, como um ranço do passado, e onde se conservou o fez de forma fragmentária, muitas vezes ocultando o verdadeiro conteúdo operário e revolucionário da teoria e da vida de Marx. Agora que as contradições do próprio capitalismo previstas por Marx estão levando esse sistema à ruína econômica a partir dos países mais avançados do mundo, cresce novamente o interesse pela sua obra. Nesse curso, buscaremos abrir um debate em torno das suas definições econômicas mais importantes, como valor, trabalho, capital, mais-valia, queda da taxa de lucro. Acreditamos que essa discussão é extremamente oportuna não só para ajudar na compreensão da atual crise, mas principalmente para, a partir daí, aportar numa saída alternativa à barbarie capitalista.

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Os EUA para além da Coca-Cola
Segunda-feira - Horário: das 17h45 às 19h15 - Início: 13/04/2009 - Duração: 5 semanas
Programação das atividades:
• A Colonização dos EUA: Colônia de exploração e povoamento.• O trabalho escravo nos EUA: A questão étnica;• Expansão para o Oeste: Eliminação da população indígena;• A guerra civil (1860-1865): As terras do Oeste;• A particularidade do Imperialismo Norte-Americano;• A Escola de Chicago: Porque do Taylorismo?;• Direita Norte-Americana: A velha e a nova.
Fundação Santo André
Para se inscrever basta acessar o site:
http://www.escola-livre.com/

Debate no Cedem.

Debate
Paulo Freire: uma leitura crítica de sua obra


Introdução crítica ao humanismo dialógico de Paulo Freire (editora Sundermann - 2008), livro de Carlos Bauer, será o centro do debate no próximo dia 16 de abril, quinta-feira às 18h30, promovido pelo CEDEM – Centro de Documentação e Memória da UNESP.
Embora não tivesse ainda escrito sobre Paulo Freire (1921-1997) e considere seu texto como uma introdução, Carlos Bauer elabora um instigante ensaio crítico, no qual expõe, com plena coerência, sua adesão à parte mais cara do pensamento freiriano, a saber, sua ontologia. Freire é o pedagogo do século XX que recebe, das mais variadas áreas do pensamento, uma dedicação especial. Bauer o denomina, seguindo muitos dos que o antecederam nessa análise, “como um dos mais inquietantes, críticos, lúcidos e polêmicos pensadores educacionais de que o mundo ocidental tem notícia na contemporaneidade”.
Em reverência crítica, Bauer, filiado ao pensamento crítico e ao materialismo dialético, esboça uma leitura acurada da teoria da educação e da cultura formulada por Paulo Freire, principalmente no que se refere ao seu interesse explícito pela abolição da opressão e da injustiça social e, ademais, ao seu compromisso permanente com a utopia e a história. (José Rubens Lima Jardilino – Presidente da SHELA: Sociedad de Historia de la Educación Latinoamericana)


Expositor
Carlos Bauer
Mestre e Doutor em História Econômica - USP
Pós-Doutorado em Educação - UNICAMP
Debatedores
José Rubens Lima Jardilino
Doutor em Ciências Sociais – PUC/SP
Pós-Doutorado em Ciências da Educação - Université Laval Québec/Canadá
Humberto Pereira da Silva
Mestre em Educação - USP
Doutor em Filosofia da Educação - USP
Mediador
Leandro de Proença LopesMestre em Ciências da Religião - UMESP
Doutorando em Educação – UNINOVE e Assistente de Pesquisa - SHELA
PARTICIPE E CONVIDE OS SEUS AMIGOS!
Inscrições gratuitas c/ Sandra Santos pelo e-mail:
ssantos@cedem.unesp.br
Data e horário: 16 de abril de 2009 (quinta-feira) às 18h30
Local: CEDEM/UNESP - Centro de Documentação e MemóriaPraça da Sé, 108 - 1º andar - metrô Sé - (11) 3105 - 9903 - www.cedem.unesp.br

A Crise Capitalista: apenas um início - Daniel Bensaïd

O capitalismo? "É compreensível que as pessoas não acreditem mais nele", confessa Tony Blair em pessoa (1). Quando se deixa de acreditar no inacreditável, uma crise de legitimidade, ideológica e moral se soma à crise social, e acaba por estremecer a ordem política. A crise atual não é uma crise a mais, equiparável a dos mercados asiáticos ou a da bolha da Internet.

Daniel Bensaid

Uma crise de fé
Trata-se, na realidade, de uma crise histórica - econômica, social, ecológica - da lei do valor, uma crise de medição e de excesso. A medição de tudo através do tempo de trabalho abstrato passou a ser - como anunciava Marx nos Manuscritos de 1857 - uma forma "miserável" de medir as relações sociais. "As crises econômica e planetária têm um ponto em comum", constata Nicholas Stern, autor em 2008 de um informe sobre a economia das mudanças climáticas. "Ambas são conseqüência de um sistema que não considera os riscos que seu funcionamento gera, que não leva em conta o fato de que pode conduzir a uma destruição superior ao benefício imediato que procura, e que subestima a interdependência entre os atores" (2). A lógica da corrida atrás do lucro, pelo "benefício imediato" é, com efeito, uma lógica a curto prazo, E a "concorrência não falsificada", por sua parte, é cega à "interdependência" sistemát ica.
Um novo Brenton Woods? Um sistema de governo mundial? O problema é que a União Européia nem sequer tem sido capaz de criar uma agência de controle dos mercados financeiros em escala continental, ou de promover uma definição comum de paraísos fiscais! Desde outubro de 2008, Laurence Parisot tem se encarregado de deixar claro que o estado deve desempenhar seu papel nos socorro das finanças, mas que deve retirar-se, quando os negócios recuperem seu curso lucrativo. Dito de maneira mais direta: que deve socializar as perdas para logo reprivatizar os lucros. Por trás de ter admitido que o Estado é o único capaz, de forma imediata, de "salvar a economia e os bancos", Jean-Marie Messier, ressuscitado do purgatório, não se esquece de explicar que "o guarda-chuva deverá fechar uma vez que a tempestade tenha passado". O Estado não deveria, assim, ser mais do que "um passageiro em meio à chuva"(3).
O plano de recuperação governamental desc arrega o custo sobre os trabalhadores e os contribuintes. Por detrás do congresso de Reims, Martine Aubry pretendia descobrir que "torna-se inoperante atacar aos que se utilizaram do sistema, sem atacar o próprio sistema" (4). Contudo, o Partido Socialista se contenta em oferecer um contra-plano "equilibrado", de medidas supostamente sociais, mas em nenhum momento radicais, no sentido de que suponham uma nova redistribuição de riquezas em benefício do trabalho. Nada se falou sobre a nacionalização do sistema bancário e a criação de um serviço público para tratar do crédito, nada sobre uma reforma fiscal radical, nada sobre a necessidade de reorientar a construção européia. "Atacar o próprio sistema" seria atacar o poder absoluto do mercado, a propriedade dos grandes meios de produção e troca, a concorrência de todos contra todos. Até o liberal Nicolas Baverez define a banca como um "bem público da mundialização": "pelas suas características, tem a na tureza de um bem público" (5). Seria de esperar, na verdade, que dada esta "natureza", este bem público fosse submetido a gestão pública sob o controle público. Para Baverez, pelo contrário, o Estado deveria assegurar aos bancos uma "imunidade ilimitada" por suas perdas, e assumir os riscos ligados a seus lucros.
Atacar o coração do sistema suporia adotar-se uma blindagem social que proteja os trabalhadores das conseqüências da crise. Para isso, dever-se-ia romper os grilhões dos critérios de Maastricht e do Pacto da Estabilidade, restabelecer os controles políticos sobre o Banco Central europeu, abolir o Tratado de Lisboa, reorientar de maneira radical a construção européia, começando pela harmonização social e fiscal, e iniciar um processo constituinte de verdade. No mínimo, exigir a revogação do artigo 56 do Tratado de Lisboa que proíbe qualquer restrição aos movimentos do capital financeiro, assim como da "liberdade de estabelecimento" , reconhecida no artigo 48, uma liberdade que permite ao capital mudar de lugar, para aonde as condições lhe sejam mais favoráveis, e às instituições financeiras encontrar asilo onde lhes agrade.
Uma crise duradouraPorque se trata de uma crise sistêmica,que anuncia o fim de um modo de acumulação, as medidas de recuperação conjuntural terão um efeito limitado. Uma saída para a crise que conduza à emergência de uma nova ordem produtiva e de um novo regime de acumulação, não depende somente da economia. Exige uma nova correlação de forças, novas relações geopolíticas, novos dispositivos institucionais e políticos.
Se a crise de 1929 foi a da "emergência estadunidense" , que emergência prefigura a crise atual? A chinesa? A de uma organização multipolar de espaços continentais? A de um sistema de governo mundial?
Em um tempo em que se invocam a necessidade de uma nova ordem monetária internacional e resp ostas globais, o próprio Giscard d'Estaing reconhece que "a gestão econômica da crise se tornou, na Europa, mais nacional durante a crise do que antes do seu início", e que "os instrumentos de intervenção são essencialmente nacionais" (6). A crise agudiza, na verdade, as diferenças nacionais e libera tendências centrífugas. Em nome de uma "correspondência necessária entre os espaços econômicos e sociais", Emmanuel Todd se arvora em paladino de um "protecionismo europeu" (7) que crie "as condições para a recuperação dos salários" e uma oferta que gere sua própria demanda. A questão não é doutrinária ou de princípios. Proteger? Sim, mas quem, contra quem e como? Se a Europa começasse em adotar critérios sociais de convergência em matéria de emprego, renda, proteção social, direito do trabalho e harmonização fiscal, poderia, legitimamente, adotar medidas de proteção, não as dos interesses egoístas de seus empresários e financistas, mas a do s direitos e conquistas sociais. Poderia fazê-lo de maneira seletiva e pontual, adotando como contrapartida acordos de desenvolvimento solidário com os países do Sul em questões migratórias, de cooperação técnica, de comércio equitativo, sem ceder a um protecionismo de ricos, cujo efeito principal fosse disseminar os estragos da crise entre os países mais pobres.
Imaginar que uma medida de proteção alfandegária implicaria de forma mecânica em melhora nas condições sociais européias, como se pudesse ser tecnicamente neutra no contexto de uma luta de classes exacerbada pela crise, é uma enorme ingenuidade. Os trabalhadores acabariam afetados pelas travas burocráticas e fronteiriças, sem obter as respectivas vantagens sociais. Um protecionismo desta índole não resistiria muito tempo em razão de sua impopularidade, ou não tardaria em derivar para uma "preferência nacional" (ou européia) de corte chauvinista.
Refundar o capi talismo ou combatê-lo?
Todos os governantes, de ontem e de hoje, de direita e de esquerda, acabaram por denunciar a loucura sistêmica dos mercados. Contudo, sua desregulação não tem sido fruto da famosa mão invisível, mas de decisões políticas e de medidas legislativas concretas. Foi a partir de 1985, quando era ministro da Economia o socialista Pierre Bérégovoy, que se concebeu a grande desregulamentaçã o dos mercados financeiros e da bolsa de valores na França. Foi um governo socialista que, em 1989, liberalizou os movimentos do capital, antecipando- se a uma decisão européia. Foi o governo de Jospin que, ao privatizar mais do que os governos de Balladur e Juppé juntos, assentou as bases para que o capitalismo francês pudesse acolher fundos de investimentos especulativos. Foi um ministro das finanças socialista, Dominique Strauss-Khan, que propôs uma forte "desfiscalizaçã o" das célebres stock-options, e foi outro ministro socialis ta, Laurent Fabius, quem a pôs em prática. Foi um Conselho Europeu com maioria social-democrata, que decidiu em 2002, em Barcelona, liberalizar o mercado de energia e o conjunto de serviços públicos, aumentar em 5 anos a idade de aposentadoria e sustentar os fundos de pensão. Foi a maioria do Partido Socialista que aprovou a sacralização da concorrência gravada no projeto do Tratado constitucional europeu de 2005. Foi seu voto, uma vez mais, que permitiu a adoção do Tratado de Lisboa, confirmando assim a lógica liberal da construção européia.
Para os salvadores do Titanic capitalista, a tarefa se anuncia dura. Um novo New Deal? Um retorno ao Estado social? Seria esquecer muito rápido que a desregulação liberal não foi um capricho doutrinário de Thatcher ou de Reagan. Foi a resposta à baixa das taxas de lucros, provocada pelas conquistas sociais do pós-guerra. Depois de 1973, "a incapacidade das políticas keynesianas para recuperar a atividade produtiva deixa o campo aberto a uma surpreendente contra-revoluçã o conservadora" , recorda Robert Boyer (8). Voltar ao ponto de partida seria reencontrar- se com as mesmas contradições. Como comenta ironicamente Jean-Marie Harribey: "regular sem transformar não é regular".
Por trás da crise de 1929, para redistribuir as cartas da riqueza e do poder e para anunciar uma nova onda expansiva, fez-se necessário nada menos do que uma guerra mundial. A colocação em marcha de um novo modelo de acumulação, e o, eventual, impulso de uma nova grande onda de crescimento, envolverão o surgimento de novas hierarquias planetárias de dominação, uma re-acomodação de nações e continentes, novas condições para a valorização do capital, uma transição da matriz energética. Tal mudança não pode ser resolvida através da amabilidade diplomática, nos tapetes verdes das chancelarias, mas no campo de batalha, através de lutas sociais. A crise, como bem esc reveu Marx, supõe "o estabelecimento por força da unidade entre momentos (produção e consumo) impulsionados de forma autônoma".
Na realidade, não é mais do que um começo"
A crise financeira - insistia Nicolás Sarkozy em seu discurso de Toulon - não é a crise do capitalismo. É a crise de um sistema afastado dos valores fundamentais do capitalismo, dos que - de certo modo - o traíram. Quero deixar claro aos franceses: o anticapitalismo não oferece nenhuma solução para a crise atual". A mensagem é clara: o inimigo não é o capitalismo, mas o anticapitalismo.
O presidente retornou à questão na sua intervenção no colóquio sobre a refundação do capitalismo, organizado, por sua iniciativa, em 8 de janeiro de 2009, pela Secretaria de Estado: "A crise do capitalismo financeiro não supõe a do capitalismo como tal. Não é um chamamento a sua destruição, o que seria uma catástrofe, mas a sua moralização". Suas palavras receberam um vigoroso respaldo de Michel Rocard: "Devemos começar por aí: nosso propósito é salvar o capitalismo". Estas declarações de guerra social traçam uma linha forte entre dois campos. É preciso eleger: ou discutir com os proprietários como refundar, reinventar, moralizar o capitalismo, ou lutar junto com os explorados e despossuídos para derrotá-lo.
Ninguém poderia predizer como serão as revoluções futuras. O que temos, unicamente, é um fio condutor. Trata-se de duas lógicas de classe que se enfrentam. A do lucro a qualquer preço, do cálculo egoísta, da propriedade privada, da desigualdade, da concorrência de todos contra todos, e a do serviço público, dos bens comuns da humanidade, da apropriação social, da igualdade e da solidariedade.
Notas:(1) Le Journal du Dimanche, 14 de dezembro de 2008. (2) Le Monde, 15 de dezembro de 2008. (3) La Tribune, 15 de janeiro de 2009. (4) Journal du Dimanche, 5 de outubro d e 2008. (5) Le Monde, 26 de novembro de 2008. (6) Le Monde, 13 de janeiro de 2008. (7) Emmanuel Todd, Après la démocratie, París, Gallimard, 2008. (8) Libération, 29 de dezembro de 2008.
Daniel Bensaïd é professor de filosofia na Universidade de Paris VIII. Fez parte do movimento de 22 de março de 1968 na faculdade de Nanterre, que logo se converteu no famoso Maio francês, talvez a mais importante greve geral operária da segunda metade do século XX na Europa. Foi um dos fundadores das Juventudes Comunistas Revolucionárias e da Liga Comunista Revolucionária. Atualmente é um dos intelectuais de referência do Novo Partido Anticapitalista, recentemente constituído na França.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sobre: O Massacre de Edorado dos Carajás de 1996 e o golpe Cívico-Militar de 1964.

Em nosso blog há textos sobre o Massacre de Eldorado dos Carajás de 1996 e sobre o golpe Cívico-Militar de 1964. Confira, e boa leitura.
Em nosso blog há textos sobre o Massacre de Eldorado dos Carajás de 1996 e sobre o golpe Cívico-Miltiar de 1964. Confira, e boa leitura.

Veja como a imprensa grande festejou o golpe cívico-militar de 1964

Emir Sader sugeriu em seu blog, na Carta Maior: "que tal republicar as manchetes de cada órgão de imprensa naquele primeiro de abril de 1964?".
Aqui está uma seleção do que foi destaque nos principais jornais do Brasil a partir do 1º de abril de 1964. Se algum desavisado recebesse em mãos qualquer destes periódicos, imaginaria a ditadura com carnaval nas ruas e militares ovacionados pelo povo.
A pesquisa abaixo foi publicada no blog da BrHistória, da jornalista Cristiane Costa (em negrito as partes mais grotescas):

Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente das vinculações políticas simpáticas ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é de essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições. Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ter a garantia da subversão, a ancora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada ...(O Globo - Rio de Janeiro - 4 de Abril de 1964).
Multidões em júbilo na Praça da Liberdade. Ovacionados o governador do estado e chefes militares. O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Bel o Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade. Toda área localizada em frente à sede do governo mineiro foi totalmente tomada por enorme multidão, que ali acorreu para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas (...), formando uma das maiores massas humanas já vistas na cidade(O Estado de Minas - Belo Horizonte - 2 de abril de 1964)

Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos. Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais.(O Globo - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964)

A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento(O Dia - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964)

Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas -negocistas- sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou, o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu.(Tribuna da Imprensa - Rio de Janeiro - 2 de abril de 1964)

A paz alcançada. A vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem a s Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil (Editorial de O Povo - Fortaleza - 3 de abril de 1964)

Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade ... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas.(Editorial do Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - 1º de abril de 1964)

Milhares de pessoas compareceram, ontem, às solenidades que marcaram a posse do marechal Humberto Castelo Branco na Presidência da República ... O ato de posse do presidente Castelo Branco revestiu-se do mais alto sentido democrático, tal o apoio que obteve.(Correio Braziliense - Brasília - 16 de abril de 1964)

Vibrante manifestação sem precedentes na história de Santa Maria para homenagear as Forças Armadas. Cinquenta mil pessoas na Marcha Cívica do Agradecimento(A Razão - Santa Maria [RS] - 17 de abril de 1964)

[...] um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, e que o mundo todo reconhece e proclama [...]. (Editorial da Folha de S.Paulo por Octavio Frias de Oliveira - 22 de setembro de 1971)

Vive o País, há nove anos, um desses períodos férteis em programas e inspirações, graças à transposição do desejo para a vontade de crescer e afirmar-se. Negue-se tudo a essa revolução brasileira, menos que ela não moveu o País, com o apoio de todas as classes representativas, numa direção que já a destaca entre as nações com parcela maior de responsabilidades.(Editorial do Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - 31 de março de 1973)

Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada.(Jornal do Brasil, edição de 1 de abril de 1964.)

Participamos da Revolução de 1964 identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada.(Editorial do jornalista Roberto Marinho, publicado no jornal O Globo, edição de 7 de outubro de 1984, sob o título: "Julgamento da Revolução").

Mais algumas manchetes:

31/03/64 - Correio da Manhã (do editorial "Basta!"): O Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!

1°/04/64 - Correio da Manhã (do editorial, "Fora!"): Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: Saia!

1º/04/64 - O Estado de S.Paulo (do editorial São Paulo repete 32): Minas desta vez está conosco... dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições.

02/04/64 - O Globo: Fugiu Goulart e a democracia está sendo restaurada... atendendo aos anseios nacionais de paz, tranqüilidade e progresso... as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Naçã o na integridade de seus direitos, livrando-a do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.

02/04/64 - Correio da Manhã: Lacerda anuncia volta do país à democracia.

05/04/64 - O Globo: A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista.

05/04/64 - O Estado de Minas: Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos. Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria.

06/04/64 - Jornal do Brasil: Pontes de Miranda diz que Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la!

09/04/64 - Jornal do Brasil: Congresso concorda em aprovar Ato Institucional.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Cultura Paracas.


Até os anos 1920, desconhecia-se o desenvolvimento da sociedade Paracas, o que gerou a confusão de sua contemporaneidade com a cultura Chavín (período formativo). Deste modo, os diversos materiais arqueológicos provenientes da região sul do Peru eram associados à cultura Nasca, principalmente pela policromia dos tecidos e cerâmica da região.

Zé Pedágio.

Zé Pedágio ataca a imprensa. Pede a cabeça de repórter da Folha.
“Serra critica imprensa e diz que problema em escola é residual. Governador afirma que só 0,1% ( ???) das escolas tiveram de instalar salas com madeirite e que noticiário é desproporcional… Ao encerrar a entrevista, Serra afirmou: “Uma repórter da Folha (*) (Laura Capriglione) diz que procurou a Secretaria da Educação e mentiu, porque não a procurou. E vai aí fazendo onda, para você saber, essa tal de Capriglione, ela mentiu que procurou a secretaria e que não houve resposta.”
Na seção Painel do Leitor p. 3, em resposta a uma funcionária do DIPE do estado de São Paulo (Departamento de Imprensa e Propaganda), Laura informou:
“Telefonei às 22H, logo após o término do protesto na EE Ayres Neto para a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação. Não consegui falar com nenhum funcionário do órgão. No telefone não há nenhuma mensagem com números de emergência… Na reportagem de 17/2, estão os dados da Secretaria da Educação a respeito dos do número de escolas com ‘puxadinho’, bem como o total de salas de aula feitas de madeirite.”
Ontem, o Conversa Afiada disse:“Coitada da Laura Capriglione, autora da reportagem. Aliás, a Laura se especializou em descobrir os buracos das escolas da Chuíça… Coitada da Laura.A essa hora da manhã, o Zé Pedágio já deve ter ligado para o dono da Folha (*) para pedir a cabeça dela.”
Laura Capriglione faz parte de um núcleo reduzido de jornalistas da Folha e do PiG de São Paulo que não trata o Pedágio de “Serra”.
Que não é da turma.
(O Estadão, por exemplo, obsequioso, foi incapaz de noticiar que o Governador do Estado de São Paulo chamou uma repórter de um jornal concorrente de mentirosa.)
Muitos deles participam das vigílias da madrugada, em que Pedágio – que não dorme – discute as notícias e as estratégias de marketing político do dia seguinte.
Imprensa que presta é a que ele controla.
Como o noticiário da Globo, especialmente o do Carlos Tramontina, no SP-TV do horário nobre.
Laura não mentiu.
Quem mente é ele, o Zé Pedágio.
Nenhuma estatística do Governo do Estado de São Paulo deve ser levada a sério.
Especialmente as de Segurança (?) Pública.
Quem mente é ele, que se diz economista e não é.
Leia sobre esse embuste: Pedágio diz que deu aulas em Princeton e não deu.
A Laura pode ficar tranqüila.
Se os patrões da Folha (*) cederem à pressão de Zé Pedágio, no dia seguinte ela será convidada para trabalhar na modesta porém aguerrida equipe do Conversa Afiada.
Com uma função: “cobrir “ o governo do Zé Pedágio.
Paulo Henrique Amorim.

Alô gente, até a próxima...


Daqui a pouco a gente volta pro bate papo...

A galera recepcionando @s calour@s.


Galera do 3° semestre.

A dura que foi dita, branda.

A DURA QUE FOI DITA, BRANDA

Por Thaís Sabino
O editorial “Limites a Chávez”, do jornal Folha de S. Paulo, no dia 17 de fevereiro gerou uma série de críticas. Feito um resgate infeliz das palavras do militar chileno Augusto Pinochet, o texto usou o termo “ditabranda” para se referir ao regime militar brasileiro.
Desde a publicação, o jornal recebeu dezenas de cartas sobre o assunto, foi alvo de críticas em blogs e comunidades do Orkut e, ainda, o editorial foi assunto de uma entrevista da socióloga Maria Victória Benevides à revista Carta Capital. Na matéria ela questiona a posição do jornal pelo uso do termo e crítica o tratamento da Folha com os que se manifestaram contra a expressão.
A nota da redação do jornal em reposta a uma das cartas, publicada no dia 20 de fevereiro, serviu para aumentar ainda mais a tensão. Abaixo do texto do professor Fábio Konder Comparato que dizia que o autor e diretor do jornal “deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo”, a nota julgava como cínica e mentirosa a indignação do professor e da socióloga Maria Victória Benevides.
Em entrevista, Comparato diz que considera a defesa do termo “ditabranda” pelo jornal um “tiro no pé”. “Uma história que os Frias queriam manter guardada, agora veio à tona”, explica. A afirmação se refere à suposta ligação do jornal com o regime militar e colaboração com veículos para o transporte dos presos políticos. Ele lembra do editorial publicado em 1971, que declarava apoio do jornal à ditadura:
“... um governo sério, responsável, respeitável e com indiscutível apoio popular, está levando o Brasil pelos seguros caminhos do desenvolvimento com justiça social - realidade que nenhum brasileiro lúcido pode negar, ...”, publicado dia 22 de setembro de 1971.
Comparato era assinante há 40 anos da Folha de S. Paulo, “Agora não assino mais nada”, conta a decisão tomada após ser insultado pelo jornal. Esse episódio ainda gerou um manifesto de repúdio à maneira como a Folha se refere à Maria Victória Benevides e Fábio Konder Comparato, assinado, até então, por sete mil pessoas.
Dias depois, a Folha publicou uma coluna do Fernando de Barros e Silva e uma do Marcos Nobre recriminando o editorial. Ao ser questionado sobre a intenção de amenizar as críticas com as duas publicações, o Ombudsman da Folha Carlos Eduardo Lins da Silva diz que não pode responder pelo jornal, nem sobre suas intenções. “Eu não trabalho na redação e meus contatos com ela são mínimos”, explica.
Em relação ao termo “ditabranda”, “Como eu ocupo a posição de Ombudsman, não posso me pronunciar publicamente”, afirma Carlos Eduardo Lins, mas confessa que a resposta da redação a dois leitores foi inconveniente.
Em protesto à falta de espaço que a mídia ofereceu para o assunto, Eduardo Guimarães, presidente do Movimento dos Sem Mídia, propôs uma manifestação em frente ao prédio da Folha, no sábado, 7 de março.
“Até agora a voz que tem permanecido é dos defensores da ditadura, os ex-presos que sabem o que aconteceu não tem chance nos jornais, por isso vamos lá na porta falar por eles”, declara o presidente.
O movimento surgiu em outubro de 2007. Segundo Eduardo, ele criou o Movimento dos Sem Mídia, pois sente que falta a voz da população na grande imprensa. “Como os sem terra, somos os sem mídia”, explica.
Criador, também, do blog Cidadania, apesar de ser representante comercial, Eduardo considera seu trabalho na comunicação uma obrigação com a sociedade. E foi lá que ele sugeriu a idéia da manifestação, que logo ganhou adeptos. “Dizer que a ditadura foi branda é um crime”, afirma.
Manifestação
A manifestação de 7 de março reuniu aproximadamente 300 pessoas em frente ao prédio do jornal Folha de S. Paulo. Estavam presentes ex-presos políticos, sindicatos, membros da Universidade de São Paulo (USP) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), e pessoas indignadas com a atitude da Folha.
Os banners com fotos dos assassinados pelo regime militar e placas reivindicando o pedido de desculpas da Folha chocavam os passantes do local. A manifestação foi marcada por relatos cheios de emoção.
Ivan Seixas, ex-preso político, declarou que a Folha de S. Paulo colocou todo o seu jornal à disposição do DOI-CODI, “A Folha de S. Paulo ofereceu carros para transportar os presos”. Ele ainda afirmou que o Otavio Frias Filho quer trazer de volta a ditadura, porém, desta vez, com a Folha de S. Paulo no controle.
“Para nós que tivemos nossas companheiras estupradas, nossos amigos assassinados, dizer que foi uma ‘ditabranda’ é inaceitável”, protesta.O representante da Intersindical dos Trabalhadores, Toshio Kawamura, fez um homenagem a todos os seus amigos que morreram por conta do regime militar. Ao chamar o nome dos seus companheiros, Toshio se emocionou e convidou outros presentes a clamar por seus amigos assassinados.
Em entrevista, Alípio Freire, também ex-preso político, disse que a manifestação é importante, principalmente, para os mais jovens, pois como eles não viveram naquela época, os depoimentos das pessoas presentes dão outro olhar sobre o que foi a ditadura no Brasil.
No domingo, (08/03), a Folha publicou que foi um erro utilizar o termo “ditabranda” para se referir à ditadura brasileira: “O termo tem uma conotação leviana que não se presta à gravidade do assunto”. O texto, escrito por Otavio Frias Filho, assume que a resposta aos professores Fábio Comparato e Maria Victória Benevides foi ríspida, porém, motivada pela insinuação de que os responsáveis pelo editorial deveriam se ajoelhar e pedir perdão em praça pública.
A expressão equivocada do editorial serviu para demonstrar que as atrocidades praticadas pela ditadura ainda estão vivas na memória de muita gente, inclusive o papel da Folha de S. Paulo naquele período.
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Thaís Sabino é estudante de Jornalismo. Revista: Caros Amigos.